Abimael Silva realiza sonho antigo de reformar espaço e lançar obras raras e esgotadas. Foto: TN

Reportagens

Sebo Vermelho lança cinco obras raras de autores potiguares

Editora e espaço literário também passou por melhorias com recursos da Lei Aldir Blanc. Obras publicadas estão à venda no local

19 de abril de 2021

Há mais de 30 anos presente no centro Histórico da Cidade Alta, o Sebo Vermelho da av. Rio Branco, 705, recebe uma diversidade de leitores e a fina fauna contemporânea em busca de livros raros e de autores potiguares, sendo um ponto de encontro para lançamentos e bate-papos. Segundo o editor e proprietário Abimael Silva, mais de 500 títulos de autores norte-rio-grandenses já foram lançados pelo selo editorial do Sebo Vermelho. 

É na calçada que acontecem os lançamentos. Por detrás das estantes apinhadas de livros e no primeiro andar do sobradinho, existem áreas que o público não tem acesso mas que poderiam ser melher usadas, mas que carecem de uma reforma. A oportunidade veio através da Lei Aldir Blanc via prefeitura de Natal, na categoria Espaços Culturais e outro pela Fundação José Augusto, com um prêmio de Empreendorismo. 

Agora, chegou a hora de reabrir mesmo em tempo de isolamento social. No dia 24 de abril será lançado um pacote de cinco livros editados com recursos dos Prêmios da Lei Aldir Blanc via Governo do Estado/Fundação José Augusto e Prefeitura de Natal/Funcarte. 

 São eles: “O Rio Grande do Norte - Ensaio Chorographico”, de Manoel Dantas (R$ 40,00); “A Presença Norte-rio-Grandense na Alçada pernambucana”, de Raimundo Nonato (R$ 40,00); reedição das “Cartas de Carlos Drummond de Andrade para Zila Mamede” (R$ 30,00); “O Teatro de João Redondo”, de José Bezerra Gomes (R$ 30,00); “Indícios de Uma Civilização Antiquíssima”, de José de Azevedo Dantas (R$ 50,00), 1924. No pacote ainda consta “Natal Colorida”, uma obra ilustrada, poética e bilíngue de Newton Navarro, que está na gráfica.

 Passe e Leve
Por conta do decreto de combate ao Covid, o qual não é possível a realização de eventos presenciais, o lançamento será feito no formato "Passe, compre e leve" no dia 24 de abril. Depois ficarão à venda no Sebo.

 Espaço Gumercindo Saraiva
A repaginação possibilita também a abertura do espaço Gumercindo Saraiva, no primeiro andar do Sebo Vermelho. A homenagem ao acadêmico ocupante da cadeira número 6 da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras é mais do que merecida. Além de violinista, poeta, escritor e historiador, Gumercindo construiu, em 1942, o prédio onde hoje está o Sebo Vermelho. Foi também o fundador da Casa da Música, um marco na divulgação da música brasileira e um dos primeiros comerciantes de instrumentos musicais no estado. Sua loja funcionou exatamente onde é o Sebo Vermelho. “Ele frequentava o Sebo algumas vezes. Era uma pessoa simpática e cultura, morreu em 1987 e chegou o momento de prestar-lhes a homenagem”, disse Abimael.

O acesso ao primeiro andar será feito pela escada lateral. Na sala foram anexadas janelas e a claraboia que já existia no teto, por onde entra a luz natural, foi mantida. Também foi instalado um ventilador, mesas e cadeiras. No térreo ficará o guarda-volumes. O espaço será destinado à leituras literárias, pesquisas, lançamentos e reuniões.  Melhorias também foram feitas no térreo, como portas e pintura do lavabo, a reforma da cozinha e a troca das instalações hidráulicas e elétricas. 

Saiba sobre os livros

 “O Rio Grande do Norte – Ensaio Chorographico”, 1ª ed.:1917 | Autor: Manoel Dantas 

Obra pouco conhecida de Manoel Dantas, um dos intelectuais mais notáveis do Rio Grande do Norte. Foi lançado em 1919 com resultado de sua  participação no 5º Congresso Brasileiro de Geografia na Bahia, em 1916. Trata-se de um profundo estudo sobre a história e a geografia do RN no início do século XX, quando não havia automóveis e estradas. O autor percorreu o estado no lombo de um cavalo. O livro ganha primeira reedição após 104 anos. Manoel Dantas foi historiador, jornalista, fotógrafo e ensaísta. 

 
“Presença Norte-Rio-Grandense na Alçada Pernambucana”, 1ª ed.: 1971 | Autor: Raimundo Nonato (1907-1993).  

Nascido em Martins-RN, o escritor, memorialista e historiador Raimundo Nonato da Silva teve mais de 90 livros publicados. Nesta obra ele faz um recorte da participação de 42 potiguares na chamada Revolução dos Padres, em destaque o Padre Miguelinho e do proprietário de terra André de Albuquerque Maranhão, que pagaram com a vida em 1817. 

 

 Cartas de Drummond a Zila Mamede, 2000 


Volume 20 da coleção João Nicodemos de Lima, lançado pelo Sebo Vermelho, a obra traz dezenove missivas, onze bilhetes e um cartão acrescido de um telegrama, esta última mensagem de Drummond lamentando a morte de Zila Mamede. “Estava esgotado e decidi reeditar. O livro mostra a grandeza de Zila, uma escritora e poeta que se correspondia com autores tão ilustres”. As cartas são originais da Universidade do Texas.

 

 

Teatro de João Redondo, 1975 João Bezerra Gomes


José Bezerra Gomes é um escritor potiguar, nascido em 1911, na cidade de Currais Novos, interior do Rio Grande do Norte, e falecido em Natal em 1982. A obra literária dele se constitui de três romances Os Brutos (1938), Por Que Não se Casa, Doutor? (1944), A Porta Vento (1974), e uma Antologia Poética publicada em 1975.O Teatro de João Redondo, foi publicado em 1975, pela Fundação José Augusto. Nesse livro José Bezerra Gomes se volta para a cultura popular e antever o que hoje é Patrimônio Cultural do Brasil, O Teatro de bonecos do Nordeste do Brasil. O teatro de João Redondo do Rio Grande do Norte, recebeu o título juntamente com os estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Pernambuco.

Indícios de uma Civilização Antiquíssima, José de Azevedo Dantas

Seridoense de Carnaúba dos Dantas, José Azevedo Dantas deixou para as gerações futuras este clássico da arqueologia nordestina brasileira. De 1919 a 1924, quando foi diagnosticado com tuberculose, na solidão do sertão, reproduziu todas as gravuras e pinturas pré-históricas dos municípios de Araci, Carnaúba dos Dantas Parelhas, Jardim do Seridó, Sanana do Matos, no Rio Grande do Norte. E também percorreu Flores em Pernambuco, Picuí e Campina Grande na Paraíba. Após a morte do autor, em 1929, a família doou os manuscritos ao Instituto Histórico e Geográfico Paraíbano , que somente em 1994 publicou o livro com apresentação de Gabriela Martim Ávila, Presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira.