Guitar Band se reúne na torre para registrar 10 composições de sua carreira. Foto: Júlia Pimenta

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Thee Automatics revisita trajetória em registro gravado no monumento de Oscar Niemeyer

Banda marca 20 anos de carreira com o vídeo “Live at the Tower” – literalmente “Ao vivo na Torre”. Pré estreia será no Seburubu, dia 17

10 de setembro de 2021

Cinthia Lopes

É do ponto mais alto que se tem a melhor visão do todo. A veterana banda Thee Automatics completa 20 anos e diante de seus 19 álbuns lançados (!) é deste campo visual que eles escolheram revisitar a trajetória. Em meados de 2021, eles subiram a já histórica Torre arquitetônica desenhada por Oscar Niemeyer, localizada no Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte e registraram 10 canções de vários álbuns da banda. Tudo filmado em preto e branco, aproveitando a luz natural do dia atravessando as vidraças gigantes da Torre desenhada por Oscar Niemeyer, distanciando-se do excesso de luzes que se espera em uma apresentação de uma banda de rock. 

O vídeo “Live at the Tower” – literalmente “Ao vivo na Torre” estreia na internet através do canal da produtora Mudernage no YouTube no dia 17 de setembro de 2021 (sexta-feira) e haverá uma pré-estreia no mesmo dia no Seburubu, um dos poucos points culturais que sobraram na cidade de Natal após a pandemia, às 19 horas para uma pequena plateia. O acesso é só para pessoas vacinadas. No local será solicitada a carteira de vacinação e a entrada será através do sistema de “contribuição voluntária” (pague o que achar que vale). Discos e e as camisetas exclusivas estão disponíveis para venda no local.

O vídeo é o único registro de uma apresentação filmada com qualidade em toda a carreira da banda.

No vídeo de 55 minutos de duração, a banda gravou canções de vários discos da banda (eles  já lançaram 19 deles!), já renomada por sua produção constante. Entre as 10 composições registradas, há ainda espaço para a inédita “Aliens and satellites” e uma bonus track. A sonoridade da banda se mantém fiel desde o início: guitarras distorcidas e com efeitos, vocais melódicos e canções com refrões bem presentes, flutuando naquilo que a crítica chama de rock alternativo e indie rock. 

O vídeo é o único registro de uma apresentação filmada com qualidade em toda a carreira da banda, que já tocou em importantes festivais, como os festivais MADA, Suado e Dosol (RN), Mormarço (PB), e eventos como Dia do Rock (SP) e Coquetel Molotov (PE).

Para Alexandre Alves, principal compositor das mais de 180 canções já gravadas pela banda em seus 20 anos, prefere o termo “guitar band”:

“Somos uma banda de guitarras. Não existe quase nenhuma canção nossa sem uso de guitarra, pois até as que soam acústicas tem guitarras gravadas junto delas”. Inclusive, no vídeo a banda ainda conta com a presença do guitar hero Adriano Azambuja  ( A Máquina, Sangue Blues) e Dimetrius Ferreira (ex-Bugs e ex-Mahmed) na segunda guitarra, encorpando ainda mais o som do grupo.

O músico e frontman da banda, que também é parceiro deste Típico Local, respondeu o papo desta coluna 5 Digitais. Confira:

SERVIÇO

O quê? THEE AUTOMATICS 2001 \ 2021: LIVE AT THE TOWER (lançamento do Vídeo)

QUANDO? 17 setembro 2021 (sexta-feira), 19 horas

ONDE? Seburubu (Av. Deodoro da Fonseca, 207, Cidade Alta, Natal/RN)

QUANTO CUSTA? Entrada através de contribuição voluntária

Em formato quinteto, live na Torre conta com a presença do guitar hero Adriano Azambuja e Dimetrius Ferreira (ex-Bugs e ex-Mahmed) na segunda guitarra, encorpando ainda mais o som

De quem partiu a ideia genial (e absurda!) de gravar no Memorial de Natal, uma obra que é quase “inacessível” em dias normais, imagine em tempos pandêmicos?

AA: A ideia foi de Christiane. Ela via a torre e como estava fechada devido ao vírus, o jeito foi buscar os meios práticos: buscar a Funcarte e a administração do parque da Cidade. Como a filmagem foi de dia, combinamos seguir os protocolos sanitários e deu tudo certo. A ideia de filmar lá é porque nos desafiamos a gravarmos sem usar iluminação artificial. Tudo ali é a luz natural passando pelas vidraças gigantes desenhadas por Niemeyer. O trabalho maior foi levar o equipamento, mas o resultado final ficou muito bom. Havia receio com a captação devido ao eco da torre, pois o teto é alto, mas a sonoridade da banda já pede reverberação. Então, tudo se encaixou. 

Com uma bagagem de álbuns lançados nesses 20 anos, como foi a escolha das músicas para compor essa “live na torre”

AA: Escolhemos aquelas que já tocávamos  nos shows de 2019 e 2020, pois ainda fizemos 3 shows em janeiro e fevereiro de 2020. Ficamos sem ensaiar por conta da pandemia e quando o vírus abrandou um pouco ensaiamos 10 canções extraídas de nossos 19 discos. Foi difícil escolher entre as quase 200 faixas que gravamos, mas todos tem suas prediletas e também há duas canções inéditas. 

Confira aqui

Detalhe a produção desta “live na torre”, direção, fotografia. A escolha do preto e branco surgiu a partir dessa “luz” natural que adentra o olho de Oscar Niemeyer? 

AA: A proposta de gravar em preto e branco foi minha, por achar que combina com a sonoridade minimalista da banda e também porque fica mais fácil de editar as imagens. Nisso, o pessoal da mudernage e ícone Studio, responsáveis pela captação das imagens, concordou, então, foi por isso mesmo. E claro que gravar sob a luz do dia também ajudou.

O show conta com mais um elemento, mais uma guitarra com a chegada do Dimetrius Ferreira ao quarteto. É possível um show ao vivo com esse quinteto? 

AA: Bom, tocamos apenas uma vez como quinteto no projeto "Som da Mata", no Parque das Dunas. Mas não existe sequer um Estúdio de ensaio em Natal que caibam os cinco tocando no volume que a gente gosta. Em apresentações ao vivo, chegamos aos 110 decibéis.

Mas Adriano Azambuja e Dimetrius Ferreira vão se alternar nas próximas apresentações,  isso se a pandemia deixar. Eles dois já gravaram faixas no Estúdio e também desde 2008 que tocamos com o quarteto. Eles são parte da banda hoje, mas tocar como quinteto é improvável. 

Em 2020 a Thee Automatics anunciou que encerraria as atividades junto com o ano pandêmico, mas aí lançaram um álbum virtual. Agora com esta “live na torre”, os ânimos apontam pra onde?

AA: Vamos lançar nossa coletânea do período  2011-2021 em vinil, que já está na fábrica. Faremos algumas apresentações em Natal, Mossoró e João Pessoa, mas realmente vamos parar. Nosso recado já foi dado. Fizemos o que nenhuma banda local costuma fazer: fizemos capas com designers locais, como o renomado Afonso Martins,  criador da capa de nosso álbum "Diagramma", de 2015. Tiramos sessões de fotos com ótimos fotógrafos locais, caso de Luana Tayze e Jomar Dantas. Musicamos poemas de Zila Mamede e do poeta marginal Carlos Gurgel. Gravamos num dos estúdios mais renomados do indie rock brasileiro, o Quadrophenia, em São Paulo.

Tocamos junto com importantes bandas da cena brasileira , como Wry, Garage Fuzz, Mellotrons,  Snooze, Continental Combo. Ou seja, fizemos o que poucas bandas potiguares fizeram. Vamos deixar novos grupos darem o recado,como o excelente quinteto Valvulosa e o inquieto Luan bates. Vendemos mais de 5.000 discos. Hora de parar chegou.  Já estou tocando há mais  de 30 anos.



THEE AUTOMATICS 2001 \ 2021: LIVE AT THE TOWER

FICHA TÉCNICA

Filmado por / Filmed by: Ícone, Mudernage, Quilha 

Captação de áudio / Sound recording: W&A Company 

Mixagem / Sound mixing: Ícone-Mudernage 

Imagens adicionais / Additional images: Júlia Pimenta 

Edição-Finalização de vídeo / Post production: Ícone, Mudernage

Agradecimentos / FUNCARTE, Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte 

Realizado com recursos da Lei Aldir Blanc Rio Grande do Norte, Fundação José Augusto, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.