Eduardo Taufic convida artistas como Ivan Lins e Glorinha Oliveira para encontros cheios de emoção.

Reportagens

Toca mais daí, Eduardo Taufic!

Projeto musical do instrumentista e arranjador Eduardo Taufic contempla mais de 100 gravações com artistas locais e de fora

11 de setembro de 2020

Por Cinthia Lopes

O isolamento social causado pela pandemia da covid-19 proporcionou muitos encontros à distância, em lives, bate-papos e vídeos pré-gravados. Mas poucos equilibraram tão bem emoção, espontaneidade e qualidade musical como o projeto “Toca Daí, Que Toco Daqui!”.  

Capitaneado pelo pianista, arranjador e compositor Eduardo Taufic, o projeto tinha na origem o reencontro de parceiros do artista nos 30 anos de carreira. Mas a pandemia tratou de criar outro pretexto.  Em vez de vídeos pré-produzidos, Dudu Taufic juntou artistas de perto e de muito longe que gravaram cada qual em seu cantinho a parte instrumental e voz. O resultado pode ser visto e revisto nas redes sociais do artista. Está tudo lá.

Dentre os artistas que moram fora do Brasil e gravaram com ele estão Ivan Lins, Otmaro Ruiz,Gabriele Mirabassi, Susana Stivali, Roberto Rossi, assim como as potiguares Marina Elali e Ligia França, que residem nos Estados Unidos e Itália.

 

Taufic recebeu artistas de longe e de perto: Glorinha Oliveira e Marina Elali

Entre os de perto, Glorinha Oliveira marcou um momento de muita emoção, pois a veretana cantora potiguar estava sem se apresentar há algum tempo. Sueldo Soaress, Wigder Vale, Paulo Sarkis e potiguares que estão em outros estados, como Badu Morais, Geraldo Carvalho, Liz Rosa e seu irmão Roberto Taufic também participaram.

 A previsão é ter mais de 160 encontros e até o momento foram publicados 95 videos. Segundo Taufic, deve durar até todos os parceiros conseguirem gravar.

O projeto também atraiu olheiros interessados em transformar esses encontros em algo maior. “Gente de outros estados se interessaram em veicular alguns episódios em telejornais e programas culturais. Depois veio a proposta de um produtor do Paraná em formatar esse projeto para uma lei de incentivo para que o projeto virasse um programa de TV e fosse disponibilizado no Youtube”, conta.  Por enquanto, Taufic quer concluir os registros e deixar o material como ponto de partida para outras ações.

 “Particularmente, me reinventei com a criação do “Toca Dai, Que Toco Daqui!” Isso me faz passar de forma produtiva meu tempo em casa. Os trabalhos que apareceram de gravações e arranjos (que estou fazendo no meu Home Studio) não foram relevantes financeiramente”, lembrou. Ele conta que foi contemplado nos editais do Itaú e BNB, o que ajudou bastante na sua manutenção. “Quanto às leis que surgiram durante a pandemia, só espero que tenham um destino justo e relevante.  Acho que as analises deveriam ser mais sérias”, pontuou.

 Para assistir tudo é só acessar no IGTV do Instagram (@eduardotaufic), no Facebook e estão todos numa playlist do Youtube também.  Futuramente serão lançados os áudios num Podcast do Spotify. “Serão mais de 160 versões de músicas de todo mundo”, festeja. Confira o bate papo completo com Dudu Taufic na seção 5 Digitais:

1-O que o motivou a criar o projeto  “Toca Daí, Que Toco Daqui!” Foi algo que caminhou de forma espontânea ou foi previamente planejado?

ET: Eu já tinha planos de realizar um projeto em que convidaria amigos que passaram pela minha estrada musical na ocasião dos meus 30 anos de carreira. A pandemia foi um pretexto. O que mudou foi o jeito informal de produzir esses encontros, cada um na sua casa gravando da forma que pudesse, diferentemente da proposta inicial que era gravar os videos em estúdio, mas em contrapartida só convidaria os amigos do RN, devido a viabilidade física. Dessa forma pude convidar artistas que mesmo de muito longe puderam estar presente nessa celebração!

 2-Durante todos esses meses, tem ideia de quantos “encontros” você já realizou? Quais artistas mais longe se encontraram nesse Toca Daí?

 Esse tipo de projeto tem que ter uma organização impecável, pois eu mesmo convido o artista, conversamos um pouco, visto que tem pessoas que não vejo ha anos, e assim matamos a saudade, envio a minha parte para servir de base, recebo o vídeo do convidado, faço a mixagem e masterização do áudio, faço a edição de vídeo, programo as postagens em conjunto, escrevo um texto resumindo um pouco a historia musical entre nós, e assim por diante.     Os artistas que estavam mais longe fisicamente (fora do Brasil) foram o Ivan Lins, Otmaro Ruiz,Gabriele Mirabassi, Susana Stivali, Marina Elali, Roberto Rossi, Ligia França,entre outros...

3- Depois dos primeiros vídeos, amigos e parceiros foram se convidando ou tudo parte de sua escolha?

Olha, o que teve de gente enviando mensagem querendo participar do projeto não foi brincadeira (risos). Gente que nem conhecia. Mas mantive a decisão de só realizar esses videos com amigos realmente importantes na minha carreira musical, pessoas que ajudaram a contar minha historia. Então de forma pacifica tive que descartar esses auto-convites.

4-Desses encontros, o que mais te surpreendeu?

 Sem sombra de duvidas, a reação do publico, que se envolveu intensamente, pois esses encontros também trazem muitas surpresas. Também a alegria imensa dos artistas convidados em estarem participando dessa festa que é de todos. É muito gratificante ver amigos da música curtindo esses encontros com amigos que são comuns. Então acaba sendo uma vivencia incrível para mim e para quem participa ou assiste! O feedback do publico é inenarrável!

5- Que experiência sai desse formato? Acredita que é algo que veio para ficar?

O fato de reativar contatos com esses amigos, de poder tocar com eles novamente, mesmo  virtualmente, de poder resgatar alguns que já não cantavam há anos — como foi o caso de Glorinha Oliveira — e de tornar isso publico... Puxa vida! Foi muito positivo e emocionante. E ver o envolvimento de cada convidado, o cuidado em dar o melhor de si. Tudo isso provou que vale a pena continuar.  A agilidade em gravar e editar esses videos, em media de 5 por dia, sem interferir no meu tempo com a família, foi com certeza uma grande experiência também.

 

Confira BATOM BACABA por Badu Morais e Eduardo Taufic