Trek Beer, cervejaria potiguar feita por mulheres

Cinthia Lopes | Editora e redatora

Um cachorro astronauta a explorar novos mundos através dos buracos de minhoca. Parece roteiro de ficção científica, mas é só o conceito da Trek Beer, nova marca de cervejas artesanais que desponta em Natal.

A jornada da Trek Beer está só começando e já quebrou alguns paradigmas. A começar por quem está à frente da marca: os postos-chave são ocupados por mulheres, Micaelly Gomes e Angélica Gurgel, que além de mestras na arte das brejas, são fãs da clássica série Star Trek - Jornada nas Estrelas. Não custa lembrar que a presença da mulher no setor cervejeiro vem sendo pavimentado a cada dia e em todo o mundo. 

Com boas receitas de cerveja, identidade cultural e criatividade, elas estão ocupando um espaço entre as melhores marcas artesanais. A Trek Beer também pega essa calda de cometa.

Micaelly Gomes e Angélica Gurgel mostram o crescimento das mulheres na produção cervejeira

A Trek nasceu caseira, como hobby do mestre cervejeiro potiguar Frederico Fonseca. Em março de 2018 o cervejeiro reuniu seus melhores experimentos e deu o pontapé para comercializá-las. Há pouco mais de ano a empresa deslanchou na mão da dupla Micaelly e Angélica. A primeira cuidando do setor administrativo, financeiro e comercial, e Angélica atuando na produção e planejamento.

A experiência da mestra cervejeira contou no upgrade da marca, pois além da Trek, Angélica é responsável por outras duas cervejarias potiguares, a Raffe e a Hopmundi. Com as duas à frente da Trek Beer, Fred, o antigo dono, seguiu “como parceiro para ideias e socorros”, destacou Micaelly em conversa com o TL.

Trek significa jornada e esse é o principal mote da marca, como explica a administradora: “O cachorro magro com pés de gente e olhos fixos no horizonte é símbolo do lema da empresa, ser livre pra seguir". Os rótulos curiosos e bem ilustrados também passam a mensagem de  ser uma marca descolada e jovem, e também que almeja “seguir sua jornada em busca da exploração de novos horizontes, assim como na série Star Trek onde há uma jornada de descobertas pelo universo”, comparou.

Spacecraft é estilo Strong Bitter, clássica inglesa amarga. Já a Buraco de Minhoca é lupulada, com sabores frutados

Essas descobertas podem ser traduzidas na profusão de sabores inusitados da marca. São quatro rótulos lançados até agora. A “Gugai” é uma Witbier, um estilo que tradicionalmente associa cascas de frutas cítricas e sementes de coentro.

“Essa é uma cerveja que leva trigo na maior parte da sua composição, por isso caracterizada como cerveja de trigo", comenta Angélica. A Gugai é valorizada como cerveja leve e refrescante com aromas cítricos, florais e doces.

Já a “Spacecraft”, a primeira cerveja lançada pela Trek, tem o estilo Strong Bitter. “É uma clássica ale inglesa, amarga, mas com uma boa dose de maltes caramelos, o que lhe confere equilíbrio. Uma cerveja fácil de beber, com um sabor que vai do dulçor do malte aos toques herbais, florais e resinosos de seus lúpulos”, avaliou.

As outras duas são cervejas lupuladas: A “Buraco de Minhoca”, uma American IPA que segundo a cervejeira foi “idealizada pra transmitir uma sensação única”, pois nela se utiliza “lúpulos americanos que conferem peculiares sabores frutados e cítricos”, comenta. E “Em Direção ao Sol Brilhante”, a session IPA que possui baixo amargor, muito aroma e final seco o que resulta numa cerveja leve e refrescante, ideal para praias e churrascos.

A “Gugai” é uma Witbier, um estilo que tradicionalmente associa cascas de frutas cítricas e sementes de coentro.

Sendo assim, a Trek Beer equilibra rótulos com aromas de lúpulos que tendem para sabores cítricos, florais, de frutas amarelas e tropicais, e o outro com uma característica de sabor mais caramelizado, toffee, resinoso, terrosos e florais.

A marca trabalha atualmente com vendas tanto para consumidor final (via delivery), quanto para pontos de venda, com parceria de estabelecimentos que comercializam as cervejas.

O delivery, segundo elas, entrou para suprir o cenário desalentador com o fechamentos dos principais clientes por conta da pandemia. “Foi algo necessário tanto para nós quanto para outras cervejarias locais. O consumo de cervejas no growler se popularizou nesse período, por exemplo, já que trata-se da comercialização de cerveja fresca, ou seja, chope, em garrafas que podem ser de diversos materiais, desde pet até porcelana, podendo ser reutilizado”, explicou.

E quem é o bebedor da cerveja Trek?  Para Micaelly Gomes é um público variado, pois há aqueles que conhecem e bebem desde “a panelinha caseira” e os curiosos que estão chegando mais recentemente devido ao aumento da popularidade da cerveja artesanal. Mulheres também foram atraídas pela marca. “Percebemos que surge também nesse momento é uma boa resposta do público feminino ao fato de ser uma cervejaria gerida por mulheres”, comenta.

 Boa parte da produção é vendida em Natal, mas no interior já chegou a Currais Novos. Há um ponto de venda em João Pessoa e vendas em Pernambuco. “Temos como projeto retomar algumas dessas parcerias além de natal e do RN que foram enfraquecidas devido à crise que estamos passando”.

Sobre ser mulher neste meio majoritariamente masculino, não é de se surpreender que volta e meia elas se deparem com alguns preconceitos disfarçados pelo tom de surpresa. “Mesmo enfrentando algumas barreiras por sermos mulheres empreendendo, temos buscado nosso lugar por saber da importância de sermos livres pra seguir nossas jornadas”, dizem as cervejeiras.

Serviço:

Para quem quer embarcar na TrekBeer, acesse via instagram @Trekbeer | Contatos pelo 84 98135-4345 |

Email:: trekbeerartesanal@gmail.com