De Mossoró, Vitória Bessa e Gilderlan Holanda vem com clipe e música em clima de “road movie”

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Três lançamentos saídos dos ‘home studios’

Do videoclipe ao álbum visual passando pelo single, os potiguares já fizeram a largada de uma variada produção em 2021

09 de março de 2021

por Alexandre Alves

Não há dúvidas que a pandemia muda o humor de qualquer ser humano mais sensato. Se for alguém que lide com música, ficar longe da plateia ao vivo com seus aplausos (e vaias também) ou permanecer longe dos estúdios de gravação – hoje muito facilitados pelos chamados “home studios” (estúdios caseiros) – não parece ser tarefa fácil. A cadeia entre autor, apresentação e ouvinte foi quebrada e nem a ciência prevê com precisão quando tudo voltará ao normal (se é que voltará ao que era antes).

Em meio a todo este contexto, a música produzida no Rio Grande do Norte começa a soltar novas canções e álbuns feitos por pessoas persistentes enquanto o mundo inteiro ainda não retoma a relativa normalidade. Indo da canção solta (single) ao videoclipe e passando pelo álbum sonoro ou visual (!), aqui vão três novos exemplos provando que a música po(p)tiguar continua viva, apesar dos pesares atuais. Sigamos na audição!

1. HELL LOTUS, “Svcker”

A enfezada dupla do semi-deserto de Mossoró vem com canção e clipe novos em folha. Em clima de “road movie”, os riffs grungeiros e garageiros da dupla Vitória Bessa (guitarra/voz) e Gilderlan Holanda (bateria) não deixam nada a dever aos nomes da antiga geração (Mudhoney e White Stripes ecoam aqui e acolá) ou da nova geração (Dead Weather, Idles). Em seus quatro minutos, com destaque para a atuação da dupla que move a banda e para a maquiagem noturna (!), o visual termina com Vitoria pondo fogo em tudo (seria esta uma metáfora para ano perdido de 2020 e um recado do duo para começar do zero....?). Com direção da própria Vitória Bessa (guitarra/voz), isso é que é ser independente até o osso, mas com aquela ajuda da lei de cultura no âmbito estadual para o vídeo virar realidade. Para ouvir na estrada e eles serem ouvidos pelo mundo.

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=LIT0pYYWyak

 

2. MARDUB, “Álbum visual”

Com o auxílio da Lei Aldir Blanc, o quarteto potiguar foi bastante ousado no quesito som e vídeo. Em exatos 30 minutos, o grupo criou o que chamou de “álbum visual” para algumas de suas composições, todas instrumentais e com vozes sampleadas aqui e ali. Como o nome do grupo já diz, tem muito do estilo “dub”, variação do reggae mais experimental e cheio de efeitos nas vozes e instrumentos. Na parte visual, o litoral sul (Pipa, Baía Formosa, Tibau do Sul) e litoral norte (Touros, Zumbi, Rio do Fogo) da terra de Cascudo aparecem enquanto os integrantes da banda passeiam pelas praias, lagoas e paisagens paradisíacas (as filmagens com drones são fantásticas, assim como as subaquáticas). Na bem tramada parte visual está a dupla Daniel Nec (edição) e Pedro Medeiros (fotografia e montagem). O único senão ficou na falta de identificação/divisão das faixas ao longo da meia hora de duração, mas certamente o grupo quis unir a experiência visual e a sonora. Deite na rede e veja/ouça!

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=OV2Eb6Gwib8

 

3. SAMPLE HATE, “Love paradox”

Após ter lançado um EP com cinco faixas em meados de 2020 e nomeado como “Beautiful”, o duo natalense multinstrumentista formado por Artur Porpino (Fukai) e Dante Augusto (ex-Calistoga) veio com esse single lançado no começo do ano. O som é estilo relaxante, lounge/ambient ou chill out em seus dois minutos e meio de duração, e com aquelas batidas eletrônicas bem de leve. Lembra um misto de John Frusciante, reggae old school, vozes quase soul e guitarras californianas, mas tudo bem gravado por sobre as dunas de Cidade Verde no Seno Studio (pelo visto, foram inteligentes e não aglomeraram). Solte o play e flutue!

LINK: https://music.youtube.com/watch?v=wxPQFrxRXjw&list=RDAMVMwxPQFrxRXjw4