Tropical Lanches: 25 anos de confrarias, simplicidade e sanduíche 'raiz'

No caminho de bares sofisticados, restaurantes glamourosos, alta gastronomia e preços às vezes mais salgados que a comida, quem vai para Ponta Negra (ou sai do bairro) pelas Avenidas Praia de Pirangi ou Estrela do Mar, que são paralelas, percebe no canteiro que divide as duas vias uma espécie de 'cigarreira' com a placa Tropical Lanches. Uma mistura das duas coisas com bar, e na verdade, muito mais que isso. Trata-se de um espaço de afetos e porto seguro, ponto de encontro de velhos amigos e confrarias de moradores das imediações que elegeram o local como espaço para passar o tempo, confraternizar, comer e beber.

O Tropical Lanches na atual formatação existe há 25 anos, quando Nonato, em 19 de abril de 2000, comprou "por 15 mil reais com uma entrada de 5 mil" o espaço do comerciante Alcides, que queria passar o ponto com urgência. Piauiense nascido em Hugo Napoleão (nome atual da antiga Lagoinha dos Mota), que chegou a morar em São Paulo por dezesseis anos, Raimundo Nonato Cardoso de Carvalho, 68 anos, se instalou em Natal com a esposa ao, em um passeio turístico, se apaixonar pela cidade em 1997. Morando na Vila de Ponta Negra, após morar em Extremoz e Igapó, trabalhava no Hotel Bella Mare, quando, como registrado, arriscou as fichas e dinheiro que sequer tinha para adquirir o Tropical Lanches, que já existia com esse nome.

Mas a partir da gestão de Nonato, tudo mudou. "O espaço só vendia sanduíches, mas aí os amigos começaram a frequentar e cobravam bebidas alcóolicas e comecei a vender cerveja", recorda. Oficialmente transformado em bar, o espaço virou cadeira cativa de quem queria sanduíches sem frescura, simplicidade e cerveja gelada, gerando uma confraria que frequenta o local há décadas.

A junção da cerveja gelada, ponto de encontro de amizades com a qualidade do sanduíche tornou o local ponto de referência em Ponta Negra para quem gosta de despojamento e contato humano. O atendimento do próprio Nonato, com auxílio do sempre simpático João, é personalizado (ele conhece pelos nomes praticamente todos os clientes do bar/lanchonete). Histórias engraçadas dos clientes não faltam, mas, discreto, Nonato as conta em off. Claro que não faltam causos de quem esquece pertences no bar ou dos que esquecem de pagar a conta no dia. Nonato registra a tristeza por perder amigos e clientes por questões políticas, que em debates acalorados (e etílicos) nas mesas causaram fissuras. 

É preciso registrar que Nonato mesmo comanda a chapa de onde saem centenas de sanduíches diários, para consumo no local ou para viagem. Vamos ao carro chefe da casa: em tempos de hambúrguer gourmet, artesanal, blend, faquinha furando o pão, molhos de frutas vermelhas ou wasabi raro importado das profundezas do Japão, no Tropical Lanches você deve esquecer tudo isso. O melhor sanduíche de Ponta Negra é feito por Nonato, entre um papo e outro à moda antiga. Carne no ponto, ovo na medida com gema bem amarela e sal, pão levemente prensado, saladinha básica, alface saindo pela circunferência do sanduba. 

Meu preferido é o Bauru especial (12 reais), mas o Cheese Bacon (inacreditáveis 11,50 reais) também é ótimo e sai muito. O Lanche Bem (13,50) é o bauru acrescido de salsicha passada na chapa. Os de frango desfiado são igualmente excelentes (12 reais o especial e 13,50 o com bacon). O Americano, sanduíche em extinção das lanchonetes natalenses, aparece no enxuto cardápio por módicos 9,50. Quem preferir beber com porções (bem generosas) tem azeitona (12 pilas) e queijo com azeitona (19 paus). A calabresa com cebola tem ótima saída e custa também somente 19 reais. 

Preços muito em conta, cerveja sempre gelada, clientela fiel e falante. Parada obrigatória para quem quer sanduíche à moda antiga e bar "raiz". 

FIQUE LIGADO

Tropical Lanches
Onde fica: Avenida Praia de Pirangi, s/n
Funcionamento: De segunda a sábado, das 10h às 20h.