Valeska Asfora destaca a crescente participação das mulheres no mercado editorial

Reportagens

Valeska Asfora: "É importante a literatura dar voz as mulheres que foram silenciadas"

Em "Anayde Beiriz – a última confidência", autora resgata a trajetória da conterrânea considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil

28 de agosto de 2022

Cefas Carvalho

A paraibana Valeska Asfora é mestra em políticas públicas, educadora e produtora cultural, e também escritora de contos e crônicas e chamou a atenção do cenário cultural com o lançamento de seu primeiro livro:  "Anayde Beiriz – a última confidência" que reúne sólido e vasto material resultante de pesquisa realizada sobre a trajetória da poeta, contista e professora paraibana considerada pioneira do feminismo no Brasil (e cuja história é retratada no filme "Parahyba Mulher Macho", de Tizuka Yamazaki, de 1983) durante a década de 1920 até sua morte em outubro de 1930. Segundo Valeska, a pesquisa buscou ir além  das considerações costumeiramente feitas sobre essa personagem histórica, na tentativa de localizar suas publicações, compreender o contexto sócio-cultural em que vivia aquela mulher que dizem ter sempre estado “a frente de seu tempo”, acompanhar a sua vivência e experiência literária e também desvendar a incógnita em torno dos fatos que a levaram à morte. Nesta entrevista, Valeska fala também sobre mercado editorial, voz feminina na literatura, Mulherio das Letras e muito mais.

Você lançou recentemente o livro “Anayde Beiriz - a última confidência” reúne material resultante de pesquisa realizada sobre a trajetória da poeta, contista e professora paraibana durante a década de 1920 até sua morte em outubro de 1930. Como foi esse processo de decidir escrever este livro até a sua publicação?
Anayde Beiriz é uma personagem histórica que ao longo do tempo ocupou lugares distintos nas mais diversas narrativas, ora com coadjuvante de uma tragédia - que foi o assassinato do então presidente João Pessoa, em 1930, ora como principal causa dessa mesma tragédia. Por vezes considerada um ícone ou precurssora do feminismo na Paraíba, em outras vista como uma frágil moça romântica que por amor cometeu suicídio. Essa figura tão presente, cujo nome ressurge em teses, trabalhos de conclusão de cursos, blogs, e principalmente no imaginário do povo paraibano, sempre me chamou a atenção por essa gama de denominações e de rótulos de comportamento a ela atribuída. Em dado momento, mais precisamente em 2008, eu fazia parte de um movimento cultural e político chamado Parahyba capital Parahyba, que realizava fóruns e grupos de estudos sobre a história da Paraíba e sobretudo pelo processo de perda de identidade de seu povo provocado por paixões políticas e comoção popular no ano de 1930. Passou a me impressionar, naquele período, o quanto a “História de 1930” ainda se mantêm viva, em vários sentidos, entre nós. E, em toda discussão e todo material que nos chegava às mãos, o nome de Anayde Beiriz surgia, tangenciando o fato do assassinato do então presidente João Pessoa, ou quando muito reduzida as expressões que comumente lhes são atribuídas: “uma mulher a frente de seu tempo”, “uma mulher que usava saias curtas e cabelo a la garçonne”, dentre outros. De tantas discussões em torno dos personagens masculinos dessa nossa História, resolvi reunir os muitos artistas que faziam parte do Movimento para criarmos o Coletivo Cultural Anayde Beiriz. Creio que na época fui tomada pela vontade de dar espaço a essa mulher, talvez na busca de poder enxerga-la melhor ou, quem sabe até de forma inconsciente, de dar voz à cultura e as mulheres nos meios onde se discute a História e de onde só sobressaem os homens e os falsos feitos heróicos. No lançamento do Coletivo, para nossa surpresa, a família de Anayde Beiriz se fez presente. Então tive a oportunidade de conhecer a sua sobrinha Ialmita Beiriz que por muito tempo tentou preservar e buscar o devido reconhecimento ao nome de sua tia. Assim tive acesso a um material de arquivo da famíla, bastante escasso mas significativo, que nos mostrava mais de perto quem foi essa mulher. Constava desse arquivo a correspondência que foi trocada com o seu namorado Heriberto Paiva, e em uma das cartas me chamou atenção a forma como ela se referia a sua produção literária.

Fui em busca das revistas e periódicos dos quais afirmava ser colaboradora. Na medida em que fui localizando alguns contos e poemas a minha primeira ideia foi de publica-los integralmente, talvez em uma plaquete. Era porém um material bastante escasso, uma vez que os seus arquivos foram perdidos durante a Revolução de 30, e que não seriam suficientes para uma publicação. Por outro lado, na busca desse material fui encontrando outras informações. Essa busca não era tida por mim como exatamente uma pesquisa sistemática, metodológica, era antes para satisfazer a minha própria curiosidade e que levei algum tempo deixando de lado, e retomando anos após, até perceber que havia localizado e reunido um material significativo e ainda tinha algumas pistas. Com essa constatação decidi concluir a pesquisa, escrever e publicar o livro. Preciso ressaltar que não fiz um trabalho com um norteamento acadêmico, uma vez que o resultado do trabalho publicado leva a esses equívocos por se tratar de uma personagem histórica. O que acabou se configurando como pesquisa, gosto de afirmar que foi antes um roteiro de certa forma até poético, feito por uma mulher de hoje em busca de conhecer, e de percorrer os caminhos daquela mulher do passado.

 

Qual a importância de contar histórias de mulheres fortes e pioneiras em tempos como os atuais onde vemos aumento nos casos de feminicídio e violência doméstica, além de movimentos políticos machistas e misóginos?

Talvez a de se fazer mostrar as raízes dos fatos atuais. E é muito impressionante como preconceitos daquela época permanecem tão revividos nos dias de hoje. Ao mesmo tempo reconheço a importância de dar voz as mulheres que foram silenciadas, aquelas que expressavam uma forma de vida liberta, ou na tentativa de libertar-se dos ditames de uma época e que por isso foram consideradas loucas, foram assassinadas, “suicidadas”, ou severamente oprimidas. Nos caminhos em busca da curta trajetória de vida de Anayde Beiriz encontrei outras mulheres com esse perfil e que suas trágicas histórias são estampadas em páginas policiais da época, reduzindo-as a um único fato: o de suas mortes ou internamento. É possível também compreender que a vida de todas as mulheres encontram-se entrelaçadas em todos os tempos. Na caminhada de 1920 pra cá, obviamente foram muitas as lutas, e algumas conquistas mas, sabemos o quanto permaneceram os preconceitos, a objetificação feminina, a violência contra nós mulheres.

No livro 'Anayde Beiriz - a última confidência' reúno todo material e informação que me foi possível obter, apresento diversos aspectos da trajetória de vida de uma jovem mulher que foi professora, poeta, contista, relato os fatos que levaram à sua morte, conto um pouco sobre a articulação literária da qual fazia parte. Recebo quase que diariamente retorno das leituras feitas, geralmente pessoas que comentam sobre a oportunidade de conhecer um pouco mais da história dessa mulher, ou observações do ponto de vista literário propriamente dito mas, me impressiona e me causa um misto de indignação e tristeza a quantidade de homens mais velhos que me interrogam ou centram seus comentários sobre a vida amorosa de Anayde Beiriz. Ignoram todo o conteúdo do livro e focam no  que transformam o “corpo objeto” da personagem: a qual dos homens ela “pertenceu”? teria morrido ainda virgem? -  em um conceito de virgindade da sociedade ocidental de cem anos atrás, qual foi de fato o seu “verdadeiro grande amor”? Seria risível, não fosse a gravidade que existe por trás do que parece banal: estamos no século XXI e ainda permanece viva, e muito viva, a cultura patriarcal que tenta determinar o comportamento das mulheres, tentativas que, no limite, resultam na violência doméstica, no feminicídio, na tortura psicológica, e nas mais diversas formas de preconceitos contra a mulher.  Portanto é importante recuperar essas vozes silenciadas para que se juntem as nossas, reafirmando esse conceito de que somos todas as mesmas mulheres em todos os tempos e sendo assim é importante reconhecer que a escuridão que enfrentamos hoje vem desde tempos atrás, para se ter uma dimensão desse caminho de libertação e empoderamento.

 

Na sua opinião, como o mercado editorial brasileiro lida com mulheres escritoras? Elas tem o mesmo espaço de escritores homens?

Penso que até algum tempo atrás falar em espaço no mercado editorial brasileiro era algo difícil também para escritores. Desde há muito tempo era preciso criar estratégias para se alcançar um lugar no chamado mercado editorial, isso para os homens. E se em um espaço que era de difícil acesso para homens o que dizer sobre as mulheres consideradas então um sub-categoria também nesse universo do livro e da literatura? Esse cenário foi e vem mudando aos poucos com o surgimento das editoras independentes e que, não por coincidência, surgem de iniciativas de escritores e escritoras. Porém, embora exista esse novo espaço criado por essas editoras e que sim, essas publicam bastante  títulos de autoria de mulheres - se comparados com números de publicações há dez anos atrás, ainda é um espaço que  permanece reduzido. Há também uma crescente inserção de mulheres em atuação no mercado editorial seja como livreiras, editoras, revisoras, tradutoras e não somente escritoras. Ao mesmo tempo os movimentos externos e contrários a lógica do mercado editorial, e que cobram a publicação e o conhecimento da literatura feita por mulheres passam a pressionar para que essas mudanças ocorram, e diante do risco de não atender a essa demanda e entrar em defasagem, o mercado cede e vai abrindo espaço.

Homens leem o que mulheres escrevem e publicam?

Não é uma afirmação com base em dados empíricos e não sei se esses dados existem, mas basta uma conversa em mesa de bar, ou uma olhada nas redes sociais para constatar que os homens ainda lêem muito mais livros escritos por homens. Há porém uma significativa parcela de homens mais jovens que já começam a quebrar esse paradigma consolidado ao longo de décadas. Parece haver de antemão uma desconfiança sobre a “qualidade literária” de um livro escrito por uma mulher, mesmo quando essa qualidade é conceituada a partir da subjetividade do leitor. Porém eu não deixo de perceber outros fatores que provavelmente tenham influência nas escolhas literárias dos leitores. Um deles é o óbvio: o público leitor no Brasil, e aqui incluindo homens e mulheres, sabemos ainda é muito pequeno e cada vez mais reduzido. Outro fator é o de que ainda é muito menor, e isso é possível provar com dados estatísticos, a quantidade de livros publicados por mulheres em comparação com publicações de escritores, isso posto, há ainda o funil ou o estreito corredor, da divulgação, da circulação dos livros publicados onde para se conhecer a produção literária das mulheres é preciso empreender um trabalho de garimpo muitas vezes. É preciso conhecer os canais que divulgam essa produção, é preciso ouvir as próprias mulheres, visitar os sites das editoras - sobretudo das consideradas independentes, do contrário as escolhas ficam reduzidas aquelas que conseguem permanecer em evidência por motivos os mais diversos, o que não é diferente para os escritores e autores mas que se torna mais difícil ainda para as mulheres escritoras.

Talvez seja ainda preciso lembrar o que muitos já sabem: mulheres não tem, em sua maioria, a mesma possibilidade de escrever e publicar livros tanto quanto os homens. O dia a dia da maioria das mulheres que escrevem é completo por múltiplas tarefas e responsabilidades que lhe foram historicamente atribuídas, restando pouco tempo a que se possa dedicar à literatura, seja para ler ou escrever, muito embora façam isso mas, logicamente, em desvantagem no que se refere a tempo e dedicação. 

 

Você escreve e publica crônicas, contos e, eventualmente, poesia. Como define sua produção literária? Existe alguma unidade temática ou conceitual entre ela?

O livro Anayde Beiriz - a última confidência é o primeiro livro que publico. Publicar, portanto é para mim uma experiência recente. Eu uso, não com muita frequência, as redes sociais como espaço de expressão através da escrita e muitos me reconhecem como cronista. Só há pouco passei a me reconhecer identificada com esse gênero literário, o que pra mim era nada mais que contar sobre alguma lembrança de passado distante, ou sobre fatos do dia a dia. Tenho o hábito de observar e ouvir, e talvez eu seja muito mais observadora e ouvinte do que escritora, então, o que observo e escuto, algumas vezes por achar interessante, intrigante ou até divertido, expresso através da escrita, sem intenções, sem os cuidados necessários a uma publicação, nas redes sociais. Até por isso muita gente esperava que o meu primeiro livro fosse de crônicas, há até quem afirme que eu bem poderia apenas reunir o que postei nas redes sociais e publicar em formato de livro. Confesso que é um tipo de coisa que eu jamais faria porque o cuidado com o livro, o livro objeto, é algo que me ensinaram desde a infância e que permaneceu em mim, e agora o cuidado com o que se transforma em livro e é entregue ao público leitor é algo ainda maior. Já tive um Blog - com o nome No Avesso do Tempo, onde arriscava alguns contos, poemas e crônicas, e até penso em retoma-lo. Também venho trabalhando há algum tempo com a elaboração de contos, o que por enquanto é um exercício muito particular e que é bem possível que algum dia decida por publicar alguns deles. Aos contos eu me dedico com mais tempo, e cuidado com essa elaboração, como quem tece uma teia, e acho um exercício apaixonante e mágico cuja fonte é a mesma do que dizem ser minhas crônicas: o meu hábito de observar e ouvir o mundo a minha volta. Já a poesia é algo que acontece, e não com muita frequência, e por isso mesmo não me considero poeta. É um perceber ou sentir algo nas brechas da vida, que se oferece de forma bruta, e que com um jeito de arrumar em palavras se transforma em poema, ou algo parecido.

Então, em resumo, eu sou aprendiz de contista e cronista em exercício. A poesia de vez em quando me ordena a escrever mas não me obriga a ser poeta. Não tenho uma linha temática ou conceitual, muito embora seja perceptível que o que escrevo traz muito das marcas de pessoas comuns e que se colocam em uma proximidade total com a vida e a morte, aquelas que estão à margem da sociedade, e isso é uma das riquezas que adquiri da minha vida profissional de onde trouxe muitas lições, muitos olhares, muitas falas e muitos silêncios.

Você é educadora, lida com políticas públicas. Como avalia atualmente em âmbito federal, estadual e na cidade onde mora as políticas culturais e o fomento à leitura?

Vivemos um tempo difícil que nem sei mais como avaliar, diante mesmo da dificuldade em se fazer uma avaliação desse quadro de ressuscitamento de uma ideologia fascista nos moldes de 1932 com o lema “Deus, pátria e família” misturado a mais completa despolitização da classe média. Sabemos que esse quadro levou ao desmonte das políticas públicas e ao total sufocamento da cultura, inclusive com o fechamento do Ministério da Cultura. Logo não existe mais politicas culturais a serem avaliadas em âmbito federal. Na cidade onde moro, além do que aqui ecoa da situação em âmbito federal, percebo que o sentido de política pública cultural se perdeu totalmente em meio do caminho. Penso que as gestões voltam a se pautar em programas direcionados do governo ao povo em formatos  planejados nos gabinetes, o exercício democrático de construção dessas políticas, tratando de ouvir os fazedores de cultura passou a ser uma ação superficial, onde alguns são colocados como atores nessa dinâmica mas a maioria permanece à margem. Entendo que perde-se de vista as políticas culturais para se dar lugar a realização de eventos, o que é de fato um retrocesso.

Quanto ao fomento à literatura, reconheço a importancia de ações como, por exemplo, o Agosto das Letras, realizado pela Funesc e que tem agora um formato de levar as cidades do interior a oportunidade de vivenciar experiências de acesso ao livro e a literatura. No mais, parece haver falta de conhecimento, ou talvez de boa vontade ou de atualização por parte dos gestores do que vem a ser a Política do livro, leitura e literatura, a diferença e a correlação entre as três coisas. Se perde totalmente de vista a formação de leitores, algo imprescindível para este país, para se manter o foco no escritor ou escritora considerado como um ser que está acima da sociedade. E mesmo quando o foco central é o escritor se perde o que há de novo, rico e dinâmico na produção literária no nosso estado. O espaço para os escritores mais jovens é reduzido porque a aclamação aos escolhidos é institucionalizada. Voltamos aos tempos em que escritores se reunem em seus templos e o exercício da leitura é atribuído a um público seleto, com verniz de intelectualismo. Até mesmo quando se leva a literatura às praças, há uma ausência da literatura, do livro e dos possíveis leitores, sobretudo.

Até o ano de 2018, o estado da Paraíba era o único no país a realizar Feiras e Festivais de Literatura nas cidades do interior, com iniciativas em sua maioria de educadores locais e com a característica marcante de ser principalmente voltados à formação de leitores. Havia até esse ano um pouco mais de 20 Feiras e Festivais espalhados pelo estado ocorrendo durante o ano todo. Essas iniciativas foram minguando por total falta de apoio dos gestores públicos e muitas chegaram ao fim pelo agravamento da situação dado ao quadro de pandemia da Covid 19. Porém, o que aconteceu com essas iniciativas retrata muito bem essa situação em que as gestões se voltam a consolidar programas e produzir eventos deixando de  acompanhar os passos largos que educadores e fazedores de cultura já deram muito adiante.

Qual sua opinião sobre movimentos surgidos recentemente como o coletivo Mulherio das letras, entre outros de redes sociais, que mobilizam e divulgam mulheres escritoras e da cadeia literária?

Acompanhei o Movimento Mulherio das Letras desde o início, quando no papel de produtora cultural coordenei a produção do I Encontro Nacional do Mulherio das Letras que aconteceu aqui em João Pessoa no ano de 2017. O movimento teve início a partir de uma conversa informal entre escritoras onde apontavam a ausência de espaços para as mulheres no mercado editorial e também em eventos literários ou premiações. Resolveram realizar um encontro de escritoras, para trazer a discussão essas questões, sendo escolhida a cidade de João Pessoa para sediar esse momento que se deu durante  três dias, reunindo 500 mulheres do Brasil inteiro. Neste grupo de onde teve origem a ideia do Mulherio das Letras estava a escritora Maria Valéria Rezende que me convidou a trabalhar na produção do Encontro. O movimento que teve início em um grupo fechado do Faceboook que conta hoje com aproximadamente 8 mil integrantes, eclodiu com tanta força, que para mim foi impossível não me envolver também no processo de mobilização. Atualmente existem vários núcleos do Mulherio espalhados pelo Brasil e também em outros países onde residem escritoras brasileiras. O Mulherio com o seu poder de articulação levou a que muitas mulheres publicassem seus livros pela primeira vez, e fez surgir uma rede de trabalhos complementares entre mulheres editoras, mulheres que escrevem, mulheres jornalistas. Passou a ser um espaço de expressão e consolidação do fazer literário para um sem número de mulheres. É portanto um movimento importante neste sentido.

Outros movimentos locais são tão importantes quanto o Mulherio das Letras. Recentemente aconteceu um encontro de mulheres escritoras para o momento da fotografia histórica que foi acrescido de uma série de outras atividades e a mobilização das mulheres e organização do evento foi feita com muito êxito pelas mulheres do Sarau Selváticas. O movimento Leia Mulheres que surgiu em 2015 também tem um papel fundamental para dar visibilidade e fazer circular a literatura feita por mulheres, contando com Clubes de Leitura espalhados no Brasil e no mundo. E cito também o trabalho realizado pela escritora Jeovânia P. que tem também uma característica de articulação e movimento rompendo barreiras nada facéis para a publicação da produção literária de mulheres negras.

No que se refere a movimento e produção literária de mulheres creio que não vivemos tempos mais intensos que esses e certamente aqui posso ter esquecido alguns deles.  

Quais seus próximos projetos?

Na área da produção cultural estou em fase de planejamento para a continuidade de meu trabalho profissional através da marca Moenda Arte e Cultura, em um novo formato a partir de 2023, e algumas ações talvez ainda sejam realizadas neste ano. Quanto a literatura, a minha intenção é continuar até o final de  2022 cuidando das atividades necessárias a circulação do livro Anayde Beiriz - a última confidência, sem pressa de publicar o próximo livro mas já revisando meus arquivos para serem trabalhados com esta finalidade. Pode ser que até junho de 2023 eu venha a publicar o segundo livro, ou talvez prefira passar mais tempo lidando ou brincando com os meus contos e crônicas e aceitando as eventuais  visitas da poesia. 
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