Rachel Grossmann e Carlinhos Moreno preparam o melhor de Gal Costa para tributo

É Típico!

Voz feminina dos anos 80, Rachel Grossmann está de volta em tributo a Gal Costa

A artista que fez turnê com Francis Hime e depois partiu para viver em Israel, retoma a carreira nesta sexta-feira (25) em show no Nemésio's

22 de novembro de 2022

Cinthia Lopes

A cantora Rachel Grossmann sempre desperta uma curiosidade quando está em cartaz - e não é por conta do nome de origem judaica. Uma das vozes mais versáteis dos anos 1980, a natalense que desbravou os palcos aos 13 anos está entre os principais nomes surgidos na música potiguar daquele período. A afinação impecável, fruto de sua criação dentro da Escola de Música onde a mãe Wilma Grossmann era professora de violão clássico, chamou a atenção de estrelas nacionais. O renomado maestro, pianista e compositor Francis Hime foi um deles com quem saiu em turnê em 1988 e chegou a gravar em estúdio no Rio de Janeiro as músicas “Um Dueto” (Capinam/Hime) e “Trocando em Miúdos” (Chio Buarque/Hime). A saída de cena de forma repentina, ainda naquela década, foi motivada pela decisão de fazer o Aliá, a imigração israelense para ter dupla cidadania, junto com seus dois filhos. 

Corta para 2022, pós-pandemia, filhos criados, um neto nascido, veio o desejo de reativar a carreira, mas precisava ser em um projeto musical onde interpretasse as suas grandes influências. Quando a voz mais fa-tal e cristalina do século XX se calou, ela foi instigada pela produtora Marana Torrezani para que fizesse um show marcando sua volta aos palcos. Nesse alinhamento dos astros surgiu o show “Tributo a Gal Costa”, marcado para a próxima sexta-feira (25), no Restaurante e pub Nemésio’s, a partir das 19h. O clima de comemoração se estende ao aniversário da sagitariana Marana, que agora ganhou o posto de produtora da artista nesta nova fase da carreira.

“Fazia algum tempo que queria voltar e até ensaiamos o retorno quando veio a pandemia. Esse momento finalmente chegou com a ideia do tributo”, comentou ao TL. Ao lado do fiel parceiro Carlinhos Moreno ao violão, aceitou o desafio de montar o repertório. Ela adianta que será um abrangente, primando pela essência da tropicalista. “Gal era muito versátil, cantou samba, bolero, rock, bossa nova. Mas em vez de um recorte, decidi escolher as mais emblemáticas de várias épocas”, pontuou. Após o debut, Rachel planeja levar este show para outros locais do RN, com a possibilidade "de variar e brincar com as muitas Gal Costas que existem dentro da obra dela."

ACONTECEU NO CAFÉ NICE

Era apenas Rachel (sem o sobrenome) quando fez sua primeira apresentação em público, no Café Nice, em 1977. “Comecei a cantar na companhia da minha mãe. Naquela época estava no auge aqui em Natal uns bares tipo Café Nice, Beco da Música e Violão de Ouro, onde naturalmente fui apresentada a grandes músicos como Expedito França, João de Orestes, e nisso fui fazendo seresta ao lado de veteranas Odaíres, Silvinha e Glorinha Oliveira”, lembra. 

Com a ampliação dos espaços para MPB, Rachel passou a se apresentar em teatros e fazer temporadas criativas, agregando nova geração de músicos como Wigder e J. Franklin. Nessa pegada abriu o show de Wilson Simonal e Ângela Roro. Nas Diretas Já, em 1984, se apresentou ao lado de Miúcha, Chico Buarque e João do Vale. Seu nome figurava no topo da lista de shows das novas casas dedicadas à MPB em Natal. Estreou Dama Neon no Tropicália Night Bar do Hotel Marsol, na Via Costeira e duas noites no restaurante Lampião, localizado na rua Trairi.

Conheceu Francis Hime, que ficou encantado com sua voz e a convidou para turnê em três capitais. “A gente decidiu registrar em estúdio duas músicas que fizemos na turnê, mas não levamos a frente e em 1987 a minha filha Flavia nasceu, então o projeto se dispersou”, conta. Ficou até 1997 em Israel e no retorno ao Brasil decide viver no Rio de Janeiro. No início dos anos 2000 fez uma temporada na Itália.Nas idas e vindas a Natal, participava do Projeto Seis e Meia, fez tributos a Ary Barroso,  Tropicália,Samba-Enredo e Elis Regina, entre outros que seu timbre vocal pudesse alcançar. 

Se o poetinha Vinícius de Moraes estivesse vivo, seria o momento de dedicar a Rachel Grossmann um de seus versos mais famosos:  “...e por falar em saudade, onde anda você?