Barzinho no Conjunto Flamboyant atrai pela versatilidade e pratos saborosos

É Típico!

Xukalho Restaurante: Ambiente diferente, comida caseira e muita história

Bar tem ambiente interno inusitado, com camas em formato de mesa, loja de roupas e espaço integrado à natureza

09 de março de 2024

Cefas Carvalho

Imagine um bar e restaurante com entrada discreta, mas que dentro se expande, com áreas fechada e aberta, camas com vidro como mesas, lojinha de roupas, área para eventos e confraternizações, vista panorâmica para a pista da Ayrton Senna ao lado de árvores onde micos leões passeiam e chegam bem perto das mesas. Pois é, tudo isso com comida boa e barata e cerveja estupidamente gelada. Pois é, esse é o Xukalho Restaurante (que tem o subtítulo e nome alternativo de Bar do Arnaldo, como escrito no letreiro na fachada), uma preciosidade escondida entre Capim Macio e Neópolis, encravada naquele mundo conhecido como Conjunto Flamboyant.

O insólito estabelecimento foi fundado pelo casal Arnaldo Damásio e Maria da Graça Gomes de Lima, ele de Currais Novos, ou mais exatamente da Mina Brejuí, como gosta de deixar claro, ela natalense, que se conheceram em 1990 em plena primeira edição do Carnatal, decidiram se casar e logo depois administrar uma cigarreira onde frequentavam, próximo a moradia deles. Bem humorado, Arnaldo lembra o primeiro nome da cigarreira, que aos poucos foi virando bar: Ku de foca. "Era para deixar claro para os clientes que a cerveja estava sempre gelada", diverte-se. Graça, que trabalhava no Banorte e Bradesco à época, foi aprendendo a cozinhar para suprir as demandas do estabelecimento, até que em 1997 mudou o nome para Por do Sol, depois para Portal do Sol e em 2005, na atual formatação de espaço, para, enfim, Xukalho, "porque existiam muitas empresas de diversos setores com os nomes Portal do Sol e porque eu queria homenagear um símbolo do Seridó, como o chocalho", explica Arnaldo, que manteve a letra K para remeter ao nome original do espaço.

Ao longo destas décadas, o casal construiu um espaço diferente e multifacetado, que funcionava com café da manhã, almoço e jantar, como bar, aberto para recepções e eventos e com transmissão de partidas de futebol. Como dito no início, o charme do local é a varanda aberta cercada por uma grade de onde se vê um matagal florido e embaixo, a avenida Ayrton Senna, na altura do Senac. Não é raro micos-leões se aproximarem dos clientes, até porque são alimentados com bananas por Arnaldo. Os símios são tão "de casa" que, segundo o casal, já pegaram comida dos pratos e até mesmo os óculos de uma cliente.

Um clima tão divertido explica o sucesso do local, para além do cardápio, como será mais na frente, claro. O amplo espaço já foi usado como karaokê, com muito público e sucesso, e encontros de confraria, como a dos curraisnovenses que moram em Natal e também a colônia de parelhenses, que realizam reuniões anuais do Xukalho. Até 2020, prévias de carnaval eram realizadas com imensa aceitação e alegria, como registram Arnaldo e Graça. Mas a pandemia contribuiu para mudar a dinâmica. "Foi um período onde fizemos muitas entregas em domicílio, mas realmente mudou a maneira como o restaurante funcionava". Atualmente o espaço abre para almoço e fecha às 15h em dias de semana e 17h no fim de semana, embora com reuniões e encontros agendados funciona até mais tarde. "Já tivemos encontros aqui no mesmo local de uma turma da polícia e outra turma do PC do B", lembra com humor Arnaldo. 

PF generosa é atrativo durante o almoço no Xukalho

CARDÁPIO

Mas, vamos a um dos trunfos do Xukalho, sua comida. Há uma mistura de pratos regionais e comida mais tradicional, de maneira a agradar a todos os paladares e também a todos os bolsos. Na parte de petiscos  além dos usuais batata e macaxeira fritas, calabresa, ttambém há acepipes mais "raiz" como Moela (35 reais) e língua ao molho (35 reais) além de Tripa (35 reais), carneiro (50 reais) e Arrumadinho (40 reais), enquanto os caldos (feijoada, dobradinha, mocotó e camarão) a módicos 20 reais cada

Mas são as refeições e pratos grandes que fazem a fama da casa, todos feitos pela própria Graça, que faz questão de registrar que não usa nenhum tempero artificial. "A base de todos os pratos é o alho, que bato com óleo". O tempero caseiro se faz ver em pratos de sucesso como Rabada (80 reais), Carneiro torrado (90 reais), Maminha (100 reais) e Costela de boi (110 reais). Há ainda a Feijoada completa (meros 50 reais, vem com arroz, farofa da casa, torresmo, couve e laranja). Registro mais que necessário: todos os pratos servem tranquilamente de três a quatro pessoas adultas, o que faz o preço por cabeça ser dos melhores. 

Contudo, faltou falar do carro chefe da casa, e meu preferido ao lado da feijoada, o Xodó do sertão, na verdade um baião de dois turbinado, com costela de porco, carne de sol desfiada, arroz, feijão, torresmo, queijo de coalho, muita cebola e, claro, ovo frito por cima de tudo, a 110 reais e de comer lambendo os beiços e rezando. Se na turma tiver gente que quer algo mais "light" a casa serve pratos individuais (entre 27 e 35 reais) com parmegiana de carne e panqueca, por exemplo, também feitas com cuidado e tempero de primeira.

Enfim, por mais clichê moderninho que possa parecer usar a frase que ir em tal restaurante "é uma experiência sensorial", é exatamente o caso do Xukalho, inclusive o objeto chocalho está nas mesas para chamar o atendimento. Que é sempre atencioso e feito em boa parte das vezes pelo próprio Arnaldo, com seu bom humor (às vezes ferino e irônico, o que é uma atração a mais da casa) que se orgulha de servir sempre cerveja das mais geladas ("Igual o ku da foca", diverte-se). O casal pensa em passar o ponto para os filhos e curtir a vida e a aposentadoria, o que merecem. Enquanto isso não acontece (e estão planejando uma grande festa de São João, entre junho e julho) aproveite para degustar uma das melhores comidas da Zona Sul de Natal e um ambiente diferente do que se vê por aí.

FIQUE LIGADO

Endereço: Rua Prefeito Expedito Alves, 1524-A - Capim Macio. Natal.
Telefone 84 99897-3049