Zila Mamede deixou obras importantes na literatura e na implementação de bibliotecas no RN

Agenda Cultural

Em aniversário de nascimento, Zila Mamede é homenageada em live do Mulherio das Letras

Poeta e importante bibliotecária norte-rio-grandense completaria 92 anos nesta terça-feira, 15

15 de setembro de 2020

Se estivesse entre nós, a poeta e bibliotecária  Zila Mamede completaria 92 anos (1928-1985) nesta terça-feira, 15. Para lembrar a importância dessa autora  para a literatura potiguar, o coletivo Mulherio das Letras, que leva o seu nome no RN, realizará evento online a partir das 18h, através do Youtube. A abertura terá fala da poeta Nivaldete Ferreira: “Foi irrecusável o convite para que eu faça a abertura, até por ser da família. Emoção já agora. E agradeço ao Mulherio-RN pela confiança”, escreveu em sua rede social a também poeta, autora de “Trapézio e outros movimentos”.

Imortalizada através de versos e pelo trabalho junto a estruturação de bibliotecas públicas no RN, incluindo a Câmara Cascudo e a da Universidade Federal, a autora de “Rosa de Pedra”  nasceu em Nova Palmeira, mas veio ainda criança da Paraíba. Viveu em Currais Novos, onde seu pai teve uma fábrica beneficiadora de algodão. Durante a Segunda Guerra Mundial ela se mudou para Natal.

Entre 1955 e 1956, cursou biblioteconomia no Rio de Janeiro e fez ainda uma especialização nos Estados Unidos. De volta a Natal, iniciou a sua vida de poeta e bibliotecária, no qual atuou na Biblioteca Central da UFRN e Biblioteca Câmara Cascudo.  

Com sutileza, escreveu sobre suas paixões, mas abordava ainda temas relacionados ao sertão nordestino. Também era claro seu fascínio pelo mar, o que ela havia conhecido em 1939, em uma viagem a Pernambuco. Suas principais obras: Rosa de Pedra (1953); Salinas (1958); O arado (1959); Exercício da palavra (1975) e Corpo a corpo (1978).

Em 1978, foi publicado o livro Navegos, que reúne as cinco obras listadas acima. Zila Mamede contou, durante a produção de seus poemas, com o apoio e amizade de grandes nomes da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, que a incluía entre suas preferências literárias, e de João Cabral de Melo Neto. Zila Mamede morreu afogada enquanto nadava na praia do meio em 1985.

A Biblioteca Central Zila Mamede, da UFRN, possui atualmente uma sala com objetos, livros e cartas da poetisa, localizada no Setor de Coleções Especiais. Nos últimos anos, sua obra foi sendo revisitada em documentários, filmes e projetos como o “Cartas para Zila”.

O Mulherio das Letras Zila Mamede é um braço regional do coletivo feminista literário nacional. Foi criado em dezembro de 2019, atua na cidade de Natal/RN, com a promoção da literatura escrita por mulheres e demais atividades que envolvam a arte da palavra.

"Salmo 39" (Zila Mamede)

Quando de mim despertem

a agora face que tenho

ninguém sabe quem fui

nem de onde venho.

Se esse humano dos meus gestos

repouse na pedra e cal

quem pergunta se

teci bem, mal?

Meus olhos pulverizados

não se possam reespantar

estão cansados de

amar, odiar?"