Clotilde Tavares é um dos grandes nomes da literatura e teatro potiguar

É Típico!

De volta às crônicas, Clotilde Tavares desembarca no Típico Local com “Sobre About”

Escritora estreia coluna semanal para falar sobre temas como envelhecimento, cinema, séries e o cotidiano onde sua vista alcança

23 de março de 2022

Cinthia Lopes

Um pouco de tudo, um muito de quase nada. Assim, a escritora, atriz e autora teatral Clotilde Tavares define a essência de “Sobre About”, coluna semanal que marca sua chegada ao Típico Local, a partir desta quinta-feira (24). O nome é uma auto-homenagem à primeira experiência como cronista ocorrida há exatos 30 anos, no extinto Jornal de Natal. “O título é uma brincadeira, uma blague, um deboche. Sobre About é este guarda-chuva semântico embaixo do qual cabe tudo, até a neblina etérea e impalpável dos dias sem inspiração e sem assunto que são o pesadelo do cronista”, comenta no texto de estreia. 

Com mais de 10 livros no currículo entre crônicas, novelas, biografias, peças teatrais e o recente romance “De repente a vida acaba” (M3 Editora), Clotilde Tavares estava em vias de “aposentar as sapatilhas” já desencantada com a agressividade das redes sociais, um ambiente que anos atrás ela dominava com seu espírito de vanguarda. Foi quando decidiu aceitar o convite do blog para voltar a escrever crônicas cheias de humor, ironia e fluidez. Abriu espaço na sua “bolha” criativa para falar sobre alguns temas que lhe são importantes neste momento, como envelhecimento, livros, filmes, séries e o cotidiano. “A cidade e o bairro em que habito (Petrópolis), que percorro a esmo procurando o espírito da noite, o terreno baldio, a nova Babilônia oculta entre as casas fechadas, janelas cegas, abandonadas no limbo dos inventários irresolvíveis.”

O“about” do título pretende “vaguear pelos temas do cotidiano sempre surpreendente”, como ela comenta. Sobre o convite desta jornalista e admiradora de longa data, ela escreve: “Recostada na poltrona, mirando o céu azul de Petrópolis ou aguardando a noite para contar os giros do Farol de Mãe Luiza como fazia diante de uma cerveja nos velhos tempos do Iara Bar, estava prestes a tomar a decisão de pendurar as sapatilhas e não fazer mais nada quando, de repente não mais que de repente, chega Cinthia Lopes e me desafia a voltar à crônica”.

Foi em um verão de 1995 que vi pela primeira vez Clotilde Tavares em ação. Na  peça de teatro “A Maldição de Blackwell”, da Stabanada Cia. de Teatro, que estava em temporada concorrida no Teatro Sandoval Wanderley. Difícil imaginar um espetáculo de teatro com temporada e ingressos esgotados. Fui assistir pela banda (Modus Vivendi fez a trilha sonora ao vivo) e saí admiradora desta figura genial, uma espécie de versão feminina de “trezentos e cinquenta” — parafraseando Mário de Andrade. 

Meses depois a entrevistei para uma matéria de capa do Segundo Caderno da Tribuna do Norte. Uma longa e divertida conversa na antiga morada de Capim Macio, quando não existia ainda o “Ernesto”, o boneco malandro, mas havia um lindo gato amarelo. Seguiu-se a colaboração e a admiração, além da fonte qualificada para reportagens sobre teatro, séries, literatura de cordel e palpites do Oscar.

Agora estamos juntas de novo. Seja bem-vinda, Clotilde!

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