Iniciativa Leia Mulheres está em atividade no país desde 2014 e tem atuação no RN. Foto: Cedida

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Leia Mulheres, Natal!

Parte de um grupo nacional com braços em mais de cem cidades, mulheres reúnem-se para ler mulheres

22 de setembro de 2020

Por Jana Maia

Em Natal desde 2016, o grupo é mediado por Maíra Dal’Maz, Isabella Helena, Danielle Sousa e Laíza Felix, estando presente também em outras cidades do Rio Grande do Norte. Mas a iniciativa Leia Mulheres está em atividade no país desde 2014, e continua a todo vapor, mesmo em tempos de pandemia, promovendo encontros remotos. Originalmente nascido do projeto da escritora Joanna Walsh #readwomen2014, com o objetivo de dar visibilidade e a ampliar o mercado editorial nesse sentido, o grupo organizou-se em São Paulo e floresceu nacionalmente e internacionalmente, estando presente também em Portugal. 

Batemos um papo rápido com a mediadora que trouxe o projeto para Natal, Maíra Dal’Maz, e ficamos por dentro de quantas obras já passaram pelas chancelas de suas curadorias, como a leitura da vez, No Horizonte, a Terra, livro de Danielle Sousa, que já foi matéria em nosso portal AQUI.

Como surgiu o seu interesse em trazer o projeto para Natal?
Maíra Dal’Maz: O interesse surgiu a partir das redes sociais, algumas colegas já participavam do Leia Mulheres noutras cidades, senti o interesse de criar um grupo como esse em Natal e essas amigas intermediaram a ligação com o núcleo de SP, daí surgiu a ponte. A princípio fiquei pensando em quem chamaria para encabeçar o projeto comigo, e apesar de na época não ser tão íntima das mediadoras atuais, Isabella e Danielle, acabei pensando nelas pela identificação que via com o projeto e suas experiências de leitura no dia a dia, acabou dando certo e a parceria e amizade continuam até hoje.

Quem pode participar do Leia Mulheres Natal e o que é necessário para isso?
M: Pessoas de qualquer gênero e idade podem participar, basta se interessar por leitura, pelo livro da vez, pelo tema. Não tem inscrição nem custos.

Quantas obras já passaram pelo Leia Mulheres Natal, e quantas especificamente potiguares?
M: Ao todo, 48 obras passaram pelo cronograma, sendo dez potiguares, como Almira Dantas, Ana de Santana e Danielle Sousa, autoras locais que lemos neste ano (no caso de Danielle será o próximo encontro).

Qual a importância percebida ao longo desse tempo de ter um grupo de leitura voltado para livros escritos por mulheres?
M: O primeiro feedback que recebemos é que voltamos a organizar a leitura das pessoas, suas metas e estímulos. Um segundo feedback foi a repercussão editorial, alguns livros que estavam esgotados puderam ser editados novamente, essa é uma consequência positiva tanto para as livrarias quanto para as editoras, que o projeto Leia Mulheres no geral fomenta, assim como o movimento #readwomen. Um terceiro feedback é a espontaneidade de atravessar vários temas que tocam a vida das pessoas, quase como uma terapia coletiva, criando um ambiente seguro para compartilhar as coisas, o que proporciona mais força a nós mulheres.

Gostaria que você comentasse um pouco sobre o momento que vivemos no Brasil, como o ataque de hackers ao grupo remoto do Leia Mulheres Teresina e se fica a preocupação para os outros grupos.
M: Desde o início do isolamento o grupo do Leia Mulheres já havia comentado que tentativas de ataques estavam acontecendo. Enquanto as mulheres seguem morrendo exclusivamente por serem mulheres, vemos pessoas atacando grupos de leitura, isso é muito significativo. Vamos vivendo enfrentando, mas nossa estratégia tem sido não divulgarmos o link publicamente, somente no privado das pessoas que tem interesse em participar das reuniões, assim vamos nos desviando dos ataques. É visível que mulheres lendo mulheres ainda parece ser motivo de ataque e que é tudo feito com o objetivo de nos desestabilizar, mas vamos seguindo. 


O grupo Leia Mulheres Natal pode ser achado pelas redes sociais (@leiamulheresnatal).