Pata Negra se renova e anuncia construção da primeira “Cave” do Nordeste

Cinthia Lopes

Tempo, cura e sal.  Essas são as três palavras mágicas da salumeria, uma das mais antigas técnicas do mundo de conservação de carnes. Acrescente ousadia e amor e temos como compreender o trabalho do produtor rural norte-rio-grandense Mano Targino. Há dez anos criou a marca de curados, embutidos e defumados de porco com o nome Pata Negra, isso depois de vários anos entre idas e vindas à Europa para entender e dominar a arte da conservação de carnes cruas. 

É no espaço “Pata Negra Country”, originalmente batizado de sítio Recanto da Saudade localizado na região metropolitana de Macaíba, que os clientes chegam sem bater: Aberto aos turistas, estudiosos da gastronomia, compradores, universitários e clientes locais fãs das iguarias produzidas no lugar. 

Atualmente na Pata Negra Country são produzidos a olho do dono, o presunto maturado cru artesanal Cangayra, livre de aditivos químicos e industriais; além do Copa, salame, linguiças frescas e linguiças secas sem uso de envasados químicos, torresmo e todos os cortes frescos de porco e cordeiro mamão. Também produz um frango defumado, que é feito de forma artesanal sem uso de aromatizador químico, e a cachaça artesanal D’Nega. Ainda tem a parte dos queijos artesanais tipo parmesão, curado ou meia cura, que embora não sejam produzidos lá são exclusivos da marca.

Espaço Pata Negra Country recebe grupos de visitantes para conhecer processos artesanais da produção de presuntos e copas

Na área de convivência Targino recebe grupos de até 40 pessoas para visita ou almoço com agendamento prévio. Na área externa tem mesas e um bar com bebidas diversas, onde expõe uma bela peça de presunto cru maturado, uma radiola de ficha e um encantador gramofone. Abro aqui um item curioso: Mano Targino possui uma super coleção de discos em vinil e 78 rotações. Se o cliente pedir, ele põe pra tocar. 

É lá onde acontece o Festival Porcachaça, um dos maiores eventos de gastronomia. O evento acontece no dia 2 de outubro, com mais de cinco horas de comida, bebida e música. Veja aqui ingressos e nas redes sociais mais informações.

Itens de colecionador: Gramofone e radiola de ficha são atrativos da visita

Para quem quer conhecer o lugar com calma, a visita começa a partir do processo da produção dos presuntos. Mano possui duas câmaras frias, uma menor onde são maturados os presuntos e copas que ficam em temperatura controlada por até 18 meses. E outra maior onde ficam além dos presuntos prontos para a venda, queijos, vinhos, embutidos, iguarias especiais para se degustar. É nesse ambiente similar a uma “Cave” onde o sorridente anfitrião passa a maior parte do dia, cuidando dos produtos e tomando “uma” ou algumas. 

Mano em seu recanto: Câmara de guarda e a construção da primeira "Cave". Ao lado, o equipamento para produção de Gin

Foi este cantinho que inspirou mais uma ousadia. Nos fundos da casa ele está construindo uma estrutura subterrânea para a clientela degustar as principais iguarias do lugar. Trata-se de uma verdadeira “Cave”. “Pode me chamar de maluco, mas quero inaugurar a primeira cave do Nordeste, quem sabe do Brasil”, disse Targino apontando para o buraco que em breve será um espaço de 3 metros de profundidade, climatizado e em temperatura de 15 a 18 graus, onde guardará vinhos, defumados para a clientela degustar. 

GIN E PORCO PRETO

O Pata Negra Country também não para de criar produtos. Ano passado Targino e um grupo de interessados tiveram uma consultoria uma das maiores autoridades no mundo dos destilados, o Valdemar Spico. “Estamos produzindo o gin mas ainda em fase de experimentação, é necessário a autorização da MAPA”, comentou.

No ano passado, o produtor iniciou uma pequena criação do porco preto (falamos aqui no Típico Local) ibérico no seu Rancho Beradeiro, local onde são criados os animais também em Macaíba. De porte menor e com características especiais, o porco preto pé-de-burro (conhecido por ter os cascos juntos) está na moda e é considerada a primeira raça brasileira, que foi quase dizimada para a integração do porco rosa.

Mano Targino fala sobre a importância de se utilizar produtos de qualidade nos restaurantes locais. E disse lamentar que instituições que deveriam incentivar a produção local, não valorizam quem produz aqui e preferem comprar na Indústria. “Tenho aqui um exemplo que é o frango defumado que passa 72 horas defumando na fumaça controlada, mas algumas entidades preferem comprar o frango da fábrica que é aromatizado com fumaça líquida”, comentou.

Se o leitor chegou até o fim desta reportagem, então não pode ficar sem saber: Os presuntos produzidos em 2020 estão começando a sair da maturação e prontos para venda. É só chegar.

Serviço

Pata Negra Country, Recanto da Saudade

rua Dr Osnildo Targino, 8, Macaíba

Visitas por agendamento: 

Redes sociais @patanegranatal

Vendas locais: Empório Xique-Xique e Queijeira 504

Festival Porcachaça

Dia 2 de outubro